A Importância da Orientação Vocacional nas Escolas
- Viviane Burger
- há 3 dias
- 5 min de leitura
Construindo caminhos: a necessidade de apoio educacional na definição de trajetórias profissionais e no mercado de trabalho para os jovens
Por: Pietra Luê Visentainer e Emilli Cecília Seemann
14/03/2025 às 10h14min
Colégio Universitário Unidavi
A orientação vocacional é um processo fundamental que visa auxiliar indivíduos, especialmente jovens estudantes, na identificação de suas aptidões, interesses e valores em relação ao futuro profissional. Por meio de métodos sistemáticos, essa abordagem proporciona um entendimento mais claro das opções disponíveis no mercado de trabalho, permitindo que os indivíduos tomem decisões mais informadas sobre suas carreiras.
Além disso, esse suporte desempenha um papel importante na mitigação da pressão e da ansiedade associadas à escolha profissional, promovendo uma reflexão aprofundada sobre as possibilidades e contribuindo para o desenvolvimento de um planejamento de carreira consistente. Dessa forma, a orientação não apenas guia escolhas profissionais, mas também fomenta o autoconhecimento e a confiança dos indivíduos em suas trajetórias.
Condução do Programa
O programa de orientação é conduzido por profissionais qualificados, como orientadores educacionais e psicólogos. Os testes são divididos em algumas sessões — na maioria dos casos, são doze encontros — com entrevistas individuais, análise de perfil profissional, testes psicológicos, pesquisas sobre diferentes áreas de atuação e também trocas com profissionais já estabelecidos em determinadas profissões.
A escolha profissional não deve se basear apenas em demandas do mercado, mas na identificação de aptidões, valores e interesses individuais. Para isso, são aplicados exercícios de autoconhecimento que estimulam o pensamento crítico e ajudam o estudante a reconhecer seus recursos internos e preferências. Durante a orientação, o profissional auxilia o indivíduo a explorar suas habilidades, características e valores.
Também há uma apresentação de informações sobre as diferentes carreiras, a fim de ir afunilando as opções do orientando, para que, ao final, ele consiga tomar uma decisão mais segura sobre seu futuro profissional. A orientação vocacional, a longo prazo, ajuda os estudantes a tomarem decisões mais seguras, promovendo uma carreira mais satisfatória e estável.
A Importância do Autoconhecimento
Muitos jovens enfrentam a pressão de escolher uma carreira, lidando tanto com a necessidade de se identificarem com a profissão quanto com considerações financeiras — o que pode resultar em episódios de ansiedade. Nesse contexto, a orientação profissional desempenha um papel crucial ao proporcionar um ambiente seguro onde os alunos podem dialogar sobre seus interesses e aspirações no mercado de trabalho.
Um aspecto notável desse programa é sua adaptabilidade, que busca atender às necessidades de todos os estudantes, respeitando suas origens culturais e socioeconômicas. Além disso, os testes aplicados durante o processo de orientação podem contribuir para o desenvolvimento de habilidades essenciais, como trabalho em equipe, boa comunicação e resolução de problemas — preparando os jovens para os desafios do mundo profissional.
De acordo com a teoria dos tipos de personalidade de John Holland, as pessoas tendem a se sentir mais realizadas e produtivas quando suas escolhas profissionais estão alinhadas aos seus interesses e características pessoais. O aspecto emocional e psicológico também precisa ser considerado, pois inseguranças, medos e expectativas (muitas vezes injustas e irreais) podem impactar diretamente na escolha profissional. Um acompanhamento próximo e sensível a essas questões torna o processo mais seguro e eficiente.
Resultados no Futuro
A longo prazo, a orientação vocacional contribui para o autoconhecimento, a construção de um planejamento de carreira sustentável, o aumento da resiliência e a redução do estresse. Profissionais que escolhem uma carreira alinhada aos seus interesses e habilidades tendem a ter maior satisfação no trabalho, melhor desempenho e maior estabilidade financeira — o que impacta positivamente sua qualidade de vida e o equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
A ex-aluna do Colégio Universitário Unidavi, Sofia Inaê Visentainer, de 19 anos, relata:
"Antes de começar a orientação, eu já pensava em Medicina, mas, após fazê-la, tive certeza de que Medicina seria a minha profissão."
Ela ainda completa:
"A realização pessoal era um fator muito importante para mim. Eu queria me sentir realizada na profissão que escolhesse."
Agora cursando Medicina, Sofia recomenda a orientação vocacional para que os estudantes tomem uma decisão mais assertiva sobre seu futuro profissional. Hoje, ela se sente realizada com o ramo que escolheu.
Nosso campo de pesquisa foi o Colégio Universitário Unidavi, onde a orientação vocacional é oferecida desde o início da escola. Seu maior propósito é apoiar os estudantes nesse momento tão significativo de suas vidas: a escolha profissional.
Abordagem da Profissional
Segundo a psicóloga Indiara Gonçalves, 40 anos:
"A orientação vocacional exige uma abordagem cuidadosa e humanizada, e esses aspectos incluem: habilidade de comunicação, que facilita a conexão com os jovens e a transmissão de informações (verbais ou não verbais); escuta ativa, que é importante para a compreensão do que é dito e dos sentimentos e preocupações do estudante; empatia, para compreender as realidades, dúvidas e desafios de cada um; conhecimento técnico, para compreender recrutamento, seleção, análise de perfil profissional, ferramentas de autoconhecimento e psicologia organizacional — que ampliam a capacidade de orientar com assertividade; e também a flexibilidade, que visa adaptar a abordagem conforme as necessidades individuais."
Indiara conta que possui formação em Psicologia e especialização em RH estratégico e liderança coaching, além de diversos cursos em análise de perfil profissional e psicológico. Com sete anos de experiência em recrutamento, seleção, treinamento e desenvolvimento, mapeamento de competências, orientação individualizada, psicoterapia e gestão de pessoas, ela desenvolveu uma visão ampla e integrada sobre o desenvolvimento profissional e vocacional.
Ela ainda acrescenta que os desafios são muitos e que cada geração enfrenta dilemas próprios. Atualmente, alguns dos principais obstáculos observados são:
Baixo nível de autoconhecimento: muitos jovens não têm clareza sobre seus pontos fortes, valores e interesses, o que dificulta uma escolha segura.
Expectativas irreais sobre o futuro e o sucesso profissional: a pressão social e as redes sociais podem criar a ilusão de que o sucesso precisa ser imediato e linear. As comparações injustas têm impactado significativamente a autoestima e a saúde mental.
Expectativas parentais sobre sucesso e estabilidade financeira: muitos jovens sentem-se pressionados a seguir carreiras que atendam às expectativas da família, sem considerar suas próprias aptidões e interesses.
Dificuldade em lidar com diferentes faixas etárias e baixa tolerância à frustração: o contato com pessoas de diferentes gerações no ambiente de trabalho pode ser desafiador, assim como lidar com erros e desafios sem desmotivação.
Falta de habilidades técnicas essenciais: embora sejam nativos digitais, muitos jovens têm pouca familiaridade com ferramentas fundamentais, como Pacote Office (Excel, Word etc.) e outras funcionalidades tecnológicas. Isso porque nem tudo se resume a redes sociais e inteligência artificial.
Em conversa com a aluna do terceiro ano do Ensino Médio, Isadora Morais, de 17 anos, ela relatou que sempre quis fazer Medicina e, por isso, nunca sentiu necessidade de orientação vocacional, pois sempre teve clareza sobre sua escolha. Ela afirma:
"Quero ser médica por amor, sempre sonhei com isso, nunca tive dúvidas."
Fizemos um levantamento sobre o assunto com 31 alunos do terceiro ano do Ensino Médio do Colégio Universitário Unidavi. Em sua maioria, eles afirmam saber o que querem cursar e muitos também disseram não querer fazer a orientação. No entanto, nada garante que vão realmente gostar do que escolheram e continuar no curso, questão que poderia ser evitada com o auxílio profissional.



É evidente que nem todos os estudantes tiveram a oportunidade ou o interesse em participar de programas de orientação vocacional, no entanto, sua relevância é inegável, especialmente para aqueles que se encontram indecisos em relação ao futuro profissional.
A aplicação eficaz de métodos de orientação pode proporcionar um suporte significativo nesse processo. Se as instituições de ensino investissem mais recursos nessa área, poderíamos evitar diversos problemas, como a incerteza de alunos ao ingressar em cursos superiores devido à falta de clareza sobre suas opções.
Além disso, uma orientação adequada pode auxiliar na tomada de decisões profissionais, aliviando a pressão sentida pelos estudantes e evitando o desânimo decorrente da incerteza sobre suas carreiras.
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