Desde o período paleolítico, os hominídeos registravam seus dias em paredes utilizando, como instrumentos, elementos naturais. Com o tempo, as civilizações antigas desenvolveram métodos cada vez mais sofisticados para se comunicar e registrar, seja de forma escrita como os egípcios, ou de forma oral, como os incas.
Concomitantemente à evolução humana, também progrediram as formas de expressão e registro da vida e do pensamento. Atualmente, dispomos de uma ampla gama de recursos, como documentos, livros, obras de arte e fotografias, tanto para estudo quanto para entretenimento. No entanto, emerge a indagação: por que sentimos essa necessidade de registrar e preservar momentos e memórias? Por que temos diários nas gavetas? Por que postamos momentos e pensamentos nas redes sociais?
Uma das razões está na busca pelo que é eterno, ou ao menos parece ser. A ideia de eternidade encanta, porém, até então a imortalidade é um conceito inalcançável para a ciência. Para compensar essa efemeridade, optamos por registrar pensamentos, eventos, memórias e sentimentos. O receio de sermos esquecidos pela sociedade ou mesmo por nossos entes queridos nos acomete. O esquecimento nos parece terrível. Assim, buscamos conter essa possibilidade através do ato de registrar, imprimindo uma sensação de permanência no mundo.
Além disso, o ser humano tem o desejo de ser importante e deixar um legado, seja ele positivo ou negativo. Queremos ser reconhecidos e validados por algum feito, ou pensar que fizemos alguma diferença no mundo durante a época em que vivemos.
Ademais, somos apegados ao passado, por um momento, uma época e na maioria das vezes romantizamos o antigo. Interpretamos que a arte, a escrita e a fotografia de certa maneira “param o tempo”, e somos envolvidos por essa impressão. Guardamos objetos que alguém especial nos deu ou que nos remetam a alguma memória. Atribuímos símbolos e sentimentos a simples artefatos.
Quando nos engajamos na escrita, na pintura ou mesmo ao registrar uma fotografia, almejamos ser lembrados, mesmo que seja apenas por nós mesmos. Desejamos preservar, reviver ou lembrar de uma época que nos marcou ou quem fomos. Imaginar que algum dia podemos nos esquecer dos detalhes de memórias importantes, assombra.
Nesse sentido, produzimos arte para expressar o que somos ou pensamos, entretanto, existem razões práticas que impulsionam o ato de registro, sobretudo no âmbito da investigação científica, onde a estabilidade, confiabilidade e longevidade das informações obtidas através de estudos são essenciais.
Desse modo, a ação de registrar está intrinsecamente ligada à natureza humana. Constitui-se como uma tentativa de conferir sentido à nossa existência, de nos conectar com o passado e deixar a nossa marca no mundo, ainda que esta não seja eterna.
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